segunda-feira, 16 de abril de 2012

AGORA ESPERA-SE A TINTA SECAR E DAQUI UMA SEMANA...REPINTA-SE...


MUITOS PLANOS E MUITO TRABALHO ARTÍSTICO!!!


UM SÁBADO DE ARTE, MÚSICA E PIZZA!!!!


ENQUANTO ACONTECE A PINTURA DOS QUADROS...PLANEJA-SE UMA EXPOSIÇÃO...


EM 12/04/2012 LÁ FORA CHOVIA CHUVA...LÁ DENTRO CHOVIA SONHOS NOS CORAÇÕES DOS ARTISTAS


CAPITÃO MATOS COSTA ESTUDA SEU SCRIPT

Quadros sobre a Guerra do Contestado em processo de produção




ARTISTAS TRABALHAM INCANSAVELMENTE EM TELAS SOBRE A GUERRA



Início do vigésimo quinto quadro: JOÃO MARIA CURA ENFERMOS

Início do vigésimo quarto quadro: OS FANÁTICOS

PESQUISANDO SOBRE O CONTESTADO À PROCURA DE TEMAS IMPORTANTES

quarta-feira, 11 de abril de 2012

PROJETO "ACERVO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO SOBRE A GUERRA DO CONTESTADO"

A Escola  de Educação Básica Antonio Gonzaga do Bairro Santa Rosa, município de Porto União (SC)  prepara-se para comemorar os 100 anos do Contestado  realizando o   Projeto “Acervo Pedagógico para o Ensino sobre a Guerra do Contestado”  - Arte e emoção na transposição da história contada para a arte figurativa.

O trabalho fundamenta-se na elaboração de 40 quadros alusivos à História da Guerra representando cenas inéditas sobre o cotidiano da época da Guerra do Contestado.

Sob a  coordenação da Professora de Matemática,  Sra Nadia Maria Maltauro Ayub já estão prontos 23 quadros de um metro quadrado representando várias cenas e vultos históricos. Acompanhando cada quadro  existe o texto explicativo para que o professor (a) possa trabalhar em sala de aula, como: homenagem a Maria Rosa – jovem que liderava as guerrilhas; homenagem a Chica Pelego – cuidava dos feridos e doentes; homenagem a Ana Paes – costurava e bordava as bandeiras dos fanáticos; demonstração da crueldade – incêndio e matança de gente; painéis com registros históricos da Guerra do Contestado.

De acordo com diretora Celia Bobrowicz “É importante que os estudantes observem um determinado tema, admirem, comentem, coloquem-se no lugar do outro e realizem a comparação entre o passado e o presente. É neste ponto que a “arte” pode emocionar, para que por meio do desenvolvimento do senso crítico durante as comparações realizadas, desabroche a consciência, para que sejam agentes atuantes e participativos num futuro melhor para todos. vamos fazer uma série de atividades especiais alusivas aos 100 Anos do Contestado, com objetivo de marcar a data e valorizar a história de Porto União e região; do nosso povo. Esse é um momento de homenagem e resgatar a nossa cultura”.

Conforme  o projeto a escola está se preparando para resgatar a história e valorizar as raízes da comunidade quando houver a primeira exposição dos quadros. Na ocasião, cada quadro estará  representado  por alunos da escola, vestidos com as mesmas roupas das pessoas que estão nas telas. Além disso a escola está juntando objetos antigos similares aos que estão nos quadros, para comporem os cenários com as crianças. Desta forma pretende-se ensinar  sobre a Guerra do Contestado às crianças de forma lúdica fazendo com que a arte da tela adquira vida com as respectivas cenas dos quadros representadas em cenários reais.

Juliana  Brittes Kamiensky, diretora da escola, relata sobre os muitos ensinamentos de ética, respeito, natureza, do bom relacionamento entre os seres humanos, que podem ocorrer concomitantemente ao ensino sobre a Guerra do Contestado: “Praticar arte não significa nascer artista, mas significa querer, sonhar e ter oportunidade. Todas as pessoas são capazes, desde que se emocionem. A nossa região pode ser considerada um berço cultural para representação artística, desde a sua história aos recursos naturais existentes. Pode-se levar os alunos da Educação Básica ao desenvolvimento da sensibilidade artística, construindo trabalhos relacionados desde a colonização,  no período da Guerra,  até as condições atuais de progresso”.

A forma como se está trabalhando com os alunos é impulsionando a comunidade para que a Escola de Educação Básica Antonio Gonzaga promova o resgate documental, a revisão histórica da Guerra do Contestado e a identificação do Homem do Contestado - caboclo, através de um grande projeto histórico-cultural que reúna depoimentos de historiadores, sociólogos, pesquisadores, folcloristas, músicos e artistas.

As crianças estão sendo  orientadas sobre como colocar na tela, a pintura do expressionismo místico marcante, as paisagens, os costumes e tradições, a índole guerreira e a fé pura do homem do Contestado. Para tanto  buscou-se inspiração em artistas como Willi Zumblick, Eliziane Buch, Almeida Júnior e outros. A priori os alunos colorem os painéis com canetas hidrocor e tinta guache. Posteriormente é utilizada tinta acrílica para retoques. O principal desafio é possibilitar aos estudantes a oportunidade de perceber que a arte é inerente à vida, ou seja, mesmo quando se pensa que não se é capaz de realizar algo, pode acontecer o contrário, desde que haja o incentivo, apoio e afetividade no ato de ensinar. A valorização do ser humano é o preceito principal da escola.

São coletados objetos antigos utilizados na época da Guerra do Contestado (chaleiras, bules, talheres, celas, facas, facões, espadas, armas de fogo, bolsas para munição, canhões, utensílios domésticos e outros). Tais objetos serão representados nas telas e também utilizados em período de exposições, compondo cenários vivos, reais, saídos da tela. Estão sendo providenciados os trajes das pessoas que estão nos quadros, para que possam ser vestidos por educandos no período de composição dos cenários que estão representados nas obras de arte.

Os principais temas que estão representados nas obras de arte são os seguintes: vultos históricos do Contestado, retratos de vida da geração matuta que provocou o Contestado”, índios xoklengs e kaigangs, antigos caboclos (miscigenação de portugueses, espanhóis, kaigangs e xoklengs), ferrovia, fazendeiros, detentores de sesmarias, religiosidade (messianismo, misticismo e fanatismo), gaúchos, imigrantes (norte-americanos, ingleses,  franceses, portugueses, espanhóis, suíços, austríacos, holandeses, russos, austríacos, poloneses, ucranianos, alemães, sírios, libaneses, africanos, ciganos,  japoneses), integrantes de bugreiros, caçadores de índios, combatentes da Guerra do Paraguai, desertores das tropas da Revolução Federalista, coronéis e bendegós.






segunda-feira, 9 de abril de 2012

Vigésimo terceiro quadro de 40 - NOSSOS TATARAVÓS

NOSSOS TATARAVÓS

Vigésimo segundo quadro de 40 - CAPITÃO TERTULIANO POTYGUARA




lutando contra o capitão Tertuliano Potyguara e um efetivo de cerca de 710 homens. Maria Rosa morreu às margens do rio Caçador.

Vigésimo primeiro quadro de 40 - A LINHA DO PROGRESSO E DA DOR









A LINHA DO PROGRESSO E DA DOR

A estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande foi construída para integrar econômica e geograficamente o sul do Brasil. As obras do trecho em terras do meio-oeste catarinense foram entregues ao poderoso Sindicato Farquhar, que além de ter construído a ferrovia Madeira-Mamoré operava serviços de infra-estrutura como portos, energia elétrica, transportes e comunicações de Porto Alegre a Belém do Pará.
Com um lobista do porte de Rui Barbosa, seu advogado, o Sindicato de propriedade do norte-americano Percival Farquhar conseguiu uma inédita forma de pagamento: recebia em dinheiro e mais 15 quilômetros de cada lado da ferrovia. Com uma força armada particular, ocupou essas terras expulsando delas sertanejos brasileiros, seus primeiros moradores. A ferrovia foi suporte fundamental para a criação da Southern Brazil Lumber & Colonization Co. Inc., grande madeireira e colonizadora de terras.
A madeira arrancada da região era transportada via estrada de ferro para os portos do sul. Para isso também foi construído o ramal Porto União-São Francisco do Sul. Durante a Guerra do Contestado a estrada de ferro transportou soldados, armas e munição do Exército Brasileiro que protegeu interesses do Sindicato Farquhar atacando populações nativas.
A empresa norte americana dispensou, de uma só vez em plena guerra, mais de mil operários que vagaram pela região engrossando as fileiras dos jagunços revoltados.

Vigésimo quadro de 40 - MÉDICA DOS PELADOS






MÉDICA DOS PELADOS



A história de Chica Pelega no imaginário social não é nova, mas sua exterioridade e publicidade por parte de mediadores políticos e religiosos têm se destacado nos últimos anos. A menina Francisca Roberta (Chica Pelega), respeitada em Taquaruçú por seu conhecimento e trato com ervas medicinais fica no reduto cuidando de doentes, velhos e crianças. Chica Pelega nasceu na lavoura, em meio à floresta, por isso, dizer que ela é filha da terra, irmã da floresta, irmã do rio. Sua mãe dera à luz, sozinha e depois foi banhar-se no rio. Desde pequena, Chica possuía o dom da cura. Os pais atribuíam isso ao Monge, pois a mãe só engravidara depois de obter o patuá com o carvão pertencente aos restos da fogueira deixado por João Maria. Chica perdera o pai e o namorado em um massacre realizado a mando dos donos da estrada de ferro. Sozinha com a mãe, foi acompanhar o Monge José Maria e os romeiros; no acampamento, Chica cuidava dos doentes com muita dedicação. É morta ao final da história em um massacre criminoso organizado pelas forças do governo. Chica Pelega, heroína entre os jagunços. representa, mais que tudo, um emblema de luta. Independente de sua existência física, significa a indignada síntese de uma coletividade injustiçada. Em 1914, as tropas do governo atacam novamente Taquaruçú onde ela luta bravamente. Chica Pelega morre quando a igreja, tomada pelo fogo, desaba em cima do galpão onde se encontravam mais de 300 pessoas. Antes da sua morte, a heroína Pelega revelou sua coragem e bravura enfrentando metralhadoras armada com seu facão e a fúria orientada pela sede de justiça, além das bênçãos do Monge e de São Sebastião.


Décimo nono quadro de 40 - DESCAANSO NO MEIO ADA GUERRA





DESCANSO NO MEIO DA GUERRA

  • Início da Guerra: outubro de 1912
  • Tempo da Guerra: 46 meses (out/1912 a ago/1916)
  • Auge da Guerra: Março-abril de 1915, em Santa Maria, na Serra do Espigão
  • Final da Guerra: Agosto de 1916, com a captura de Adeodato, o último líder do Contestado
  • Combatentes militares no auge da Guerra: 8.000 homens, sendo 7.000 soldados do Exército Brasileiro, do Regimento de Segurança do Paraná, do Regimento de Segurança de Santa Catarina, mais 1.000 civis contratados.
  • Exército Encantado de São Sebastião: 10.000 combatentes envolvidos durante a Guerra.
  • Baixas nos efetivos legalistas militares e civis: de 800 a 1.000, entre mortos, feridos e desertores
  • Baixas na população civil revoltada: de 5.000 a 8.000, entre mortos, feridos e desaparecidos
  • Custo da Guerra para a União: cerca de 3.000:000$000, mais soldados militares
  • A Guerra do Contestado durou mais tempo e produziu mais mortes que a Guerra de Canudos, outro conflito semelhante em terras do Brasil.
  • Em cinco anos de guerra, 9 mil casas foram queimadas e 20 mil pessoas mortas.

Décimo oitavo quadro de 40 - BELEZA, PUREZA E FÚRIA







BELEZA, PUREZA E FÚRIA

Maria Rosa é reconhecida como intérprete das vontades do monge. Assume a posição, dá ordens, indica e substitui os chefes para as diversas missões do dia-a-dia, dentro e fora do acampamento. A personalidade da adolescente dinamiza a vida no Caraguatá quando ela consegue a adesão do subdelegado do distrito, do juiz de paz e de quase todos os habitantes de São Sebastião das Perdizes, proximidades do reduto. O porte esbelto e o sorriso permanente marcam a presença da jovem em qualquer ambiente. Mas nos momentos de tomar decisão, ela assume a postura de uma estrategista, demonstrando conhecimentos muito superiores à idade e ao nível cultural em que vive. Todo o reduto conhece o episódio que ocorreu com Nhôca Quadros. Um dia, o moço aparece no reduto para buscar a noiva ali recolhida com a família. Tomado por espião, é preso. Maria Rosa manda chamá-lo, já com a sentença tomada. “Se ele ficar companheiro, mando amar ele; se ficar contrário, mando degolar.” Assumiu a liderança espiritual e militar de todos os revoltosos do Contestado, então eram cerca de 6000 homens, após a morte do dito monge João Maria. Este monge santo, cujo nome era Miguel Lucena de Boaventura - ,e que também se autodenominava José Maria Agostinho, tem registro de passagem como militar no Paraná, foragido após cometer delitos. Maria Rosa morreu em 28 de Março de 1915, da vila de Reinchardt, lutando contra o capitão Tertuliano Potyguara e um efetivo de cerca de 710 homens. Maria Rosa morreu às margens do rio Caçador.

Décimo sétimo quadro de 40 - O RECADO


O RECADO

Maria Rosa é como ficou conhecida a personagem brasileira que foi uma das líderes da Guerra do Contestado (1912-1916). A menina Maria Rosa, filha de Elias de Sousa, o Eliazinho da Serra, no decorrer da sangreira do Contestado, ocupa um papel bastante similar ao de Anita Garibaldi na Revolução Farroupilha. A filha do pequeno agricultor, que se tornou fanático, acompanhou a família quando o pai decidiu entrar no reduto de Taquaruçu. Algumas semanas antes do ataque das forças legais, Elias de Sousa e a família marcharam para o refúgio de Caraguatá. Dizem os historiadores que, com apenas 15 anos, Maria Rosa lutou como homem nesta guerra. Considerada como uma Joana D'Arc do sertão, "combatia montada em um cavalo branco com arreios forrados de veludo, vestida de branco, com flores nos cabelos e no fuzil". “Maria Rosa não sabia ler nem escrever, mas falava com desembaraço. Andava com um vestido branco, enfeitado de fitas azuis e verdes e de penas de pássaros de todas as cores. Era ela que, nas procissões, marchava à frente, carregando uma grande bandeira com a cruz verde.” Os acampados consideram a jovem uma santa e alguém que tudo sabe.

Décimo sexto quadro de 40 - COSTURANDO SONHOS





COSTURANDO SONHOS

A bandeira da "Monarquia Celestial" era branca com uma cruz verde e evoca os estandartes das antigas ordens monástico militares como as dos templários, por exemplo. Rosa Paes de Farias, filha do grande líder Chico Ventura, foi uma das últimas sobreviventes da guerra e viveu até os 98 anos. Fazia as bandeiras de guerra e os uniformes dos Pares de França, tropa de elite dos revoltosos. Jamais se arrependeu da resistência. Afirmava: “Nós estávamos aqui e vieram nos atacar. O que havíamos de fazer? Resistir. Houve muita morte de lado a lado. Mas muito soldado passou para o nosso lado”.
O papel das mulheres menos conhecidas também foi fundamental. Enquanto os homens lutavam em várias frentes de combate elas cuidavam dos filhos, dos doentes e da obtenção e preparação de alimentos. Ao final da guerra foram tão humilhadas e maltratadas quanto seus maridos e filhos.
A união das pessoas em torno de um ideal, levou à organização do grupo armado, com funções distribuídas entre si. O messianismo adquiria corpo. A vida era comunitária, com locais de culto e procissões, denominados redutos. Tudo pertencia a todos. O comércio convencional foi abolido, sendo apenas permitidas trocas. Segundo as pregações do líder, o mundo não duraria mais 1000 anos e o paraíso estava próximo. Ninguém deveria ter medo de morrer porque ressuscitaria após o combate final. É de destacar a importância atribuída às mulheres nesta sociedade.

Décimo quinto quadro de 40 - INTOLERÂNCIA AOS IMIGRANTES






INTOLERÂNCIA AOS IMIGRANTES

O governo brasileiro, ao firmar o contrato com a Brazil Railway Company, declarou a área como devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas terras. "A área total assim obtida deveria ser escolhida e demarcada, sem levar em conta sesmarias nem posses, dentro de uma zona de trinta quilômetros, ou seja, quinze para cada lado"..  Isso, e até mesmo a própria outorga da concessão feita à Brazil Railway Company, contrariava a chamada Lei de Terras de 1850.  Não obstante, o governo do Paraná reconheceu os direitos da ferrovia; atuou na questão, como advogado da Brazil Railway, Affonso Camargo, então vice-presidente do estado. Esses camponeses que viram o direito às terras que ocupavam ser usurpado, e os trabalhadores que foram demitidos pela companhia (1910), decidiram então ouvir a voz do monge José Maria, sob o comando do qual organizaram uma comunidade. Resultando infrutíferas quaisquer tentativas de retomada das terras - que foram declaradas "terras devolutas" pelo governo brasileiro no contrato firmado com a ferrovia [3] - cada vez mais passou-se a contestar a legalidade da desapropriação. Uniram-se ao grupo diversos fazendeiros que, por conta da concessão, estavam perdendo terras para o grupo de Farquhar, bem como para os coronéis manda-chuvas da região.

Décimo quarto quadro de 40 - REUNIÃO DOS REBELDES






REUNIÃO DOS REBELDES

A região do Contestado foi largamente percorrida por dois monges, de 1845 a 1908. O primeiro se chamava João Maria D’Agostini, era italiano de origem. Benzia, curava e não fazia ajuntamento de pessoas nem dormia na casa de ninguém. Veneradíssimo batizou milhares de moradores do sul do Brasil. Desapareceu por volta de 1890.
Em seguida surge outro monge, João Maria de Jesus, nome adotado por Anastás Marcaf, turco de origem. Também percorria o sertão benzendo, curando e batizando. Não juntava gente em volta de si, não dormia nas casas, mas atacava a República. Desapareceu por volta de 1908 e, segundo a população de então, “está encantado no Morro do Taió”. É um terceiro monge, entretanto, que vai aglutinar o povo do sertão do Contestado e, de alguma forma, levá-los à guerra. Chamava-se José Maria - seu verdadeiro nome era Miguel Lucena e sugeria ser irmão de João Maria. Benzia, curava, batizava e reunia gente ao seu redor lendo, regularmente, o livro do Rei Carlos Magno e seus Doze Pares de França - com seus ensinamentos de guerra. Atacava duramente as autoridades e a República. Ameaçado pelos coronéis da região do Contestado, o Monge e um grupo de sertanejos deslocaram-se para o Irani, em terras que o Paraná considerava suas, palco do primeiro combate da guerra. A 22 de outubro de 1912, na região denominada Banhado Grande, José Maria e seu grupo são atacados por soldados do Paraná comandados pelo coronel João Gualberto. Morrem o monge e o coronel.

Décimo terceiro quadro de 40 - GUERRA DO CONTESTADO






GUERRA DO CONTESTADO



Área conflagrada: 15.000 km² - População da época envolvida na área de conflito: aproximadamente 40.000 habitantes - Municípios do Paraná, na época: Rio Negro, Itaiópolis, Timbó, Três Barras, União da Vitória e Palmas Municípios de Santa Catarina, na época: Lages, Curitibanos, Campos Novos e Canoinhas - Em 1914, o General Setembrino de Carvalho, enviado do Rio de Janeiro com tropas federais, e juntamente com soldados do Paraná e Santa Catarina, cercaram a região de Santa Maria matando grande número de pessoas; mortandade causada pela fome e epidemia de tifo, que acabou forçando os sertanejos, caboclos a se renderem. Após 4 anos entre conflitos e mortandades, o movimento do Contestado foi desfeito, a fronteira entre os estados foi demarcada e o poder dos latifundiários foi consolidado.




DÉCIMO SEGUNDO QUADRO DE 40 - "SERTANEJOS EM DESCANSO"






SERTANEJOS EM DESCANSO

A guerra camponesa do Contestado não foi uma simples revolta de fanáticos como alguns historiadores procuram nos apresentar. Os sertanejos explorados pelos latifundiários, expulsos de suas terras pelas companhias estrangeiras, as quais o governo havia cedido grandes extensões de terra, reagiram a essa opressão.

Em resumo, podemos afirmar que a miséria, a ignorância e as injustiças sociais fizeraM, eclodir essa guerra que teve um fim trágico, com o massacre de milhares de camponeses (10.000 mortos).

A região em que houve o conflito era chamada de área contestada, devido aos litígios de limites entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Porém, a guerra foi a revolta dos sertanejos da região contra o governo, as companhias estrangeiras e as oligarquias locais e não um conflito entre os estados do Paraná e Santa Catarina.

No sertão, os monges (figuras estranhas que levavam uma vida ascética) tinham grande prestígio. Em 1912, o monge José Maria d'Agostini, seguido pelos sertanejos que haviam sido expulsos de suas terras pelo "Brazil Railway Company", a quem o governo havia concebido nove quilômetros de cada lado da estrada de ferro, que está companhia norte-americana estava construindo na região contestada, rumou para os campos do Irani em território paranaense.

Neste ano tivemos o combate do Irani, onde os seguidores do monge José Maria enfrentaram as tropas do coronel paranaense João Gualberto. Nesse combate, José Maria e João Gualberto faleceram. Após a morte do monte, os sertanejos radicalizaram suas posições, desencadeando uma verdadeira guerra civil.

No auge do movimento, o território ocupado pelos sertanejos compreendia 28.000 quilômetros quadrados. A população oscilava em torno de 20 a 30 mil fanáticos, espalhados nos vários redutos. A revolta dos sertanejos era total: fazendas eram atacadas e saqueadas, os inimigos da fé eram mortos. Inclusive um escritório da "Lumber Company" foi atacado. A posse da terra era o principal motivo da revolta, segundo um sertanejo: "O governo da República toca os filhos brasileiros dos terrenos que pertencem à nação e os vende para o estrangeiro".

No reduto, predominava a divisão por igual dos alimentos e de outros meios de subsistência, conforme as pesquisas de Maurício Vinhas Queiroz. "Do que um comia, tudo tinha que comer, do que um bebia, tudo tinha que beber, todos eram irmãos" (Depoimento de Maria). Uma outra testemunha acrescenta: " Ninguém tinha o
direitoAche os cursos e faculdades ideais para você. É fácil e rápido. de vender nada para outro. Se eu precisava de um vestido era dado. Tudo era dado. Se alguém vendia, era morto".

Os sertanejos adoravam táticas de guerrilha, só atacando no momento e locais propícios, daí terem obtido vitórias espetaculares. Diante do fracasso das tropas estaduais, já no governo de Venceslau Brás foi enviada uma poderosa expedição, formada por 8.000 homens sob o comando do General Setembrino de Carvalho. Depois de sitiada a região, os sertanejos foram vencidos pela fome e superioridade das forças federais.

Décimo primeiro quadro de 40 - REGIÃO DA GUERRA








Alguns antecedentes da Guerra do Contestado



Ação judicial de Santa Catarina contra o Paraná em 1900, por limites.

Construção da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, de 1908 a 1910.

Instalação da Southern Brazil Lumber & Colonization em Calmon (1908) e em Três Barras (1912).

Disputas eleitorais entre os coronéis da região pelos domínios políticos nos municípios.

Religiosidade: Messianismo, misticismo e fanatismo da população cabocla.

Ideologia Nacionalista – Civilismo na República – Reestruturação do Exército.

A Brazil Railway – empresa responsável pela construção e funcionamento da estrada de ferro São Paulo- Rio Grande - recebeu a concessão para exploração de até 15 quilômetros para cada lado da estrada. O intuito era a exploração da madeira e a colonização. Para fazer valer o contrato, a empresa iniciou a expulsão dos agricultores e caboclos (grande parte destes não possuíam título de propriedade das terras) que viviam basicamente dos ervais que estavam sendo destruídos pela madeireira da Brazil Railway, a Southern Brazil Lumber and Colonization Company. Assim os problemas já existentes na região foram intensificados pela ação da Brazil Railway.







A maioria da população da Região do Contestado era formada por uma população cabocla, pobre e inculta, de índios, negros e lusobrasileiros que, ao longo dos anos, havia se internado nos sertões e nos campos e vivia do cultivo de roças, criação de porcos selvagens, extração da erva-mate, tropeirismo de carga e trabalhava nas fazendas de criação de gado como peões ou agregados.

A forte ascendência portuguesa dos caboclos abrigava a crença importada do sebastianismo lusitano. Assim, a população revelava expressões de messianismo e de muito misticismo. Diante da ausência praticamente total da Igreja Católica, os sertanejos buscaram conforto espiritual nos monges, profetas, curandeiros, pregadores e eremitas, que peregrinavam pela região, dentre eles destacando-se dois, de nomes João Maria de Agostinho e João Maria de Jesus.


Décimo quadro de 40 -PELUDOS CONTRA PELADOS






Guerra do Contestado: Pelados x Peludos




A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual. Os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Paraná e Santa Catarina, onde ambos os estados contestavam o direito de posse das terras, sendo essa a origem do nome pelo qual a região e consequentemente a guerra ficaram conhecidas: CONTESTADO

Foram muitas às causas que deram origem a Guerra do Contestado, entre as principais pode-se levantar a questão dos limites entre Paraná e Santa Catarina. Quem mais sofria com essa situação era a população. Havia mudanças contínuas de autoridades dos dois estados, contratos e casamentos eram cancelados e impostos eram cobrados pelos dois estados. Existia ainda: grilagem de terras por parte dos grandes proprietários sobre os pequenos sitiantes e posseiros; opressão, mandos e desmandos dos Coronéis; e ainda a ação violenta da Brazil Railway.

Nono quadro de 40 - A MORTE DE MARIA ROSA







A  MORTE DE MARIA ROSA
Maria Rosa é como ficou conhecida a personagem brasileira que foi uma das líderes da Guerra do Contestado (1912-1916).

Dizem os historiadores que, com apenas 15 anos, Maria Rosa lutou como homem nesta guerra. Considerada como uma Joana D'Arc do sertão.

A personalidade da adolescente torna a vida no reduto de Caraguatá dinâmica, quando consegue a adesão do juiz de paz, do subdelegado do distrito e de quase todos os habitantes de São Sebastião das Perdizes, proximidades de Caraguatá.

O sorriso permanente e o porte esbelto, marcam a presença da jovem em qualquer ambiente. Já nos momentos de tomar decisão, ela assume a postura de uma estrategista, demonstrando conhecimentos muito superiores à idade e ao nível cultural em que vive.

Assumiu a liderança espiritual e militar dos revoltosos do Contestado, no reduto de Caraguatá, após a destruição do reduto de Taquarussu. Montada em seu cavalo, ia á frente dos jagunços. Trazia uma espingarda na sela e uma espadana cinta. Muitas flores nos cabelos, um longo vestido branco, até os pés. Seu cavalo branco tinha arreios de veludo. Liderou as tropas contra os soldados de Santa Catarina. Causou pavor. Seus homens imbatíveis eram ágeis na mata. A essa época já existia, no conflito caboclo do Contestado, trinta redutos com 6 mil homens armados. As tropas federais entraram em ação. Foi enviado o general Setembrino de Carvalho à frente de 7 mil homens, que significava em torno de 80% do exército brasileiro. Recorreram até mesmo a aviões, chamados pelos jagunços de "gaviões voadores". A violência explodiu no Contestado. A virgem Maria Rosa mandou "limpar" as cidades vizinhas a fim de purificar o ambiente para a volta do "monge". Então os jagunços passaram a saquear e matar sertanejos pacíficos. Os soldados davam cabo do que sobrava: violavam mulheres, atacavam casas.

Maria Rosa morreu em 28 de Março de 1915, da vila de Reinchardt, lutando contra o capitão Tertuliano Potyguara e um efetivo de cerca de 710 homens. Maria Rosa morreu às margens do rio Caçador.

Maria Rosa, uma "virgem" bonita, era a líder espiritual de um reduto sertanejo no planalto catarinense chamado Caraguatá, palco de um dos combates mais ferozes da Guerra do Contestado. O saldo foi de 24 mortos, 21 feridos e 3 desaparecidos nas tropas oficiais, e 37 mortos entre os defensores do reduto. Deve ter sido dela a idéia de usar táticas inspiradas em traquinagens adolescentes, que se mostraram decisivas para a expulsão do inimigo e por isso ecoaram pelo planalto como proezas de batalha. "Durante a refrega, os sertanejos empregaram todos os seus ardis de lutadores do mato. Uma coluna de sertanejos vestidos com roupas de mulheres distraía os soldados, enquanto vários franco-atiradores, escondidos em ocos de imbuias e em galhos elevados de araucária, dizimavam a coluna militar. (...) Soldados eram atraídos, por determinados caminhos, para o interior da mata e emboscados em locais sem saída, cheios de espinheiros de inhapindaí", escreve Paulo Pinheiro Machado, no livro Lideranças do Contestado, lançado pela Editora da Unicamp (2004)..

Logo após ter sido destruído, à bala e a fogo, no segun­do combate, o reduto de Taquaruçu, os que conseguiram sobreviver e fugir, se juntaram no novo reduto de Caraguatá, que era liderado por Maria Rosa. Nesse reduto, Joaquim perdeu seu prestígio, ficando na sombra de Maria Rosa, que a todos cativava. Ela “[...] toma parte, montada em seu cavalo, empunhando a bandeira branca de cruz verde ao centro, infundindo ânimo e coragem aos ser­tanejos.” (VALENTINI, 1998, p. 136, 137). Maria Rosa era filha de Elias de Souza, lavrador da Serra da Esperança. Ela era considerada uma menina normal como as demais, mas de vez em quando se trancava em seu quarto e ficava até dois ou três dias em oração. Ao voltar para a vida normal, trazia comandos e orientação do monge José Maria, para o povo obedecer. A virgem Maria Rosa é a figura feminina de maior destaque, especialmente nos primeiros dois anos da guerra. Segundo Vinhas de Queiroz (1977, p. 151) era ela que “[...] durante as procissões marchava à frente, carregando uma grande bandeira com cruz verde.” Ela era uma menina-moça, carismática, capaz de atrair a atenção de todos, falava desembaraçadamente, e eram-lhes atribuídas qualidades excepcionais como vi­dente e comandante. Dificilmente alguém fazia algo sem antes consultar ‘quem tudo sabia’.” (FELIPPE, 1995, p. 55). Vinhas de Queiroz (1977, p. 151) também escreve que o povo a considerava santa e cumpria religiosamente as ordens que dela emanavam. “Era encarada como a representante da vontade do monge, de quem conhecia os secretos desejos. Designava os chefes ostensivos, destituía-os dos comandos, sentenciava.” Maria Rosa foi contemplada com o título de um capítulo do livro de Vinhas de Queiroz (1977, p. 151), o qual trata dela como sendo uma adolescente dos seus 15 anos, loura, cabelos crespos, pálida, alegre, de extraordinária vivacidade, que não sabia ler nem escrever, mas falava com desembaraço; sendo o seu pai chamado de Elias da Serra, um lavrador da região. Machado (2004, p. 222) lembra de Maria Rosa, como sendo uma moça que

[...] tinha entre 15 e 16 anos, era bonita e andava de roupa branca, mon­tada num cavalo branco. Como “virgem”, procurou manter um comando direto sobre os “pares de França” e o conjunto da população de Caraguatá. Contudo, é ela que começa a distribuir comandos específicos, de forma, de guardas, de piquetes de briga, de reza e de abastecimento. O combate de Caraguatá [...] vencido pelos “pelados”, é considerado pela memória local o principal feito de Maria Rosa.

Havia várias tendências ou facções dentro do movimento do Contestado. Após a vitória de Caraguatá, vários líderes resolveram derrubar Maria Rosa do comando para que outros líderes mais aguerridos, passassem ao comando. Foi assim que Francisco Alonso de Souza, conhecido como Chiquinho Alonso as­sumiu o comando geral e Maria Rosa passou a exercer um papel secundário no conflito, ajudando no atendimento às pessoas doentes, crianças, mulheres e ido­sos. Chiquinho Alonso é um rapaz de uns 25 anos, que teria se proclamado a si próprio ante o povo como comandante geral e que a partir de então a Maria Rosa teria dito: “[...] atendam ele. Eu não tenho mais nada com isso” (VINHAS DE QUEIROZ, 1977, p. 163, 164). Esse novo comandante, filho de Manoel Alonso, homem trabalhador, andava “[...] com aquela cisma que iria brigar muito.” (VI­NHAS DE QUEIROZ, 1977, p. 164);

Maria Rosa permanecia trancada em um quarto, do qual só saia para transmitir as ordens que teria recebido de João Maria. Assim a partir do comando geral, ela distribuía ordens e comandos.
Para os sertanejos, a “Virgem” era considerada uma santa e que ela “tudo sabia”. Para eles Maria Rosa representava com fidelidade a vontade do Monge e por isso tinha o poder de destituir, designar e sentenciar.

Lá a “Virgem” Maria Rosa

No reduto é que mandava,

Ninguém mais intrometia

Pois, só ele comandava;

Nomeou todos cabeças

Os que mais considerava.